Friday, January 23, 2015

Antevisão Petfestival do Canil de São Pedro de Sintra


cão canil rafeiroAna Pino, gestora do Canil de São Pedro de Sintra, respondeu a várias questões acerca do bom funcionamento e os planos futuros para o canil no dia 15 de Janeiro de 2015.

Raquel Cosme: Porque decidiu trabalhar num canil? O que faz?

Ana Pino: Sempre gostei de animais e há 12 anos atrás precisei de ajuda por causa de um cão que estava na rua e a APCA ajudou-me acolhendo esse cão. Depois de visitar o site na altura verifiquei que pediam voluntários e foi assim que me voluntariei para ajudar.

RC: Está a trabalhar há muito tempo com os cães abandonados?

AP: Comecei o meu voluntariado no dia 1 de Novembro de 2012. Já lá vão 12 anitos. Mas antes disso já alimentava animais na rua onde morava.

RC: Em média, quantos cães alberga o canil?

AP: Agora alberga em média de 130 a 150 cães, mas já chegámos a ter mais de 200 cães no nosso canil, o que era uma situação complicadíssima de gerir.

RC: Quantos tratadores tem o canil? O que fazem?

AP: Neste momento temos 2 tratadores que fazem a limpeza do canil, dão comida e água aos cães, dão a medicação diária aos cães, levam os cães à clínica que nos dá apoio se estes estiverem doentes, atendem à porta. Basicamente tudo o que envolve o bom funcionamento diário do nosso canil.



RC: Como é que os cães se portam no canil? Estão todos juntos? Ou estão divididos por seções? Porquê?

AP: Os nossos cães são muito amistosos, adoram estar com pessoas. Quando entra alguém no canil, eles saltam logo para cima da pessoa a pedir festinhas. Mas todos têm o seu feitio, por isso não podem estar todos juntos. Encontram-se divididos por zonas de acordo com o seu feitio.

RC: Como é o tratamento veterinário? Esterilizam os cães? Como?

AP: Todos os nossos cães têm acompanhamento veterinário. Têm todos micrchip e as vacinas em dia, são desparasitados e actualmente todos os cães que entram no nosso canil são esterilizados, quer sejam machos ou fémeas. As esterilizações são feitas na clínica que nos dá apoio.

RC: Como lida com o abandono dos cães?

AP:Lido como qualquer pessoa neste meio, com tristeza e frustração. Tento dar o meu melhor para os ajudar, pois eles não têm culpa de nada. Felizmente em Outubro de 2014 foi aprovada uma lei que criminaliza o abandono e maus tratos a animais, pelo que há esperança que esta situação melhore um pouco.

RC: O que sente quando são adotados?

AP: Uma grande felicidade e uma grande esperança que corra tudo pelo melhor e sejam muito felizes. Nada nos faz mais felizes do que os ver felizes nas suas novas casas.

RC: Em média quantos cães são adotados por mês?

AP: Varia muito. O ano de 2014 não foi um ano muito bom, houve muitas pessoas que quiseram devolver os cães (por mudança de casa ou ida para o estrangeiro) e por isso a nossa população teve um aumento. Normalmente as pessoas querem cães bebés e a maior parte dos nossos cães são cães adultos e seniores, mas felizmente há pessoas que compreendem que um cão adulto aprende o que um bebé aprende (se calhar até mais depressa) e houve até adopções de cães séniores, o que nos deixa extremamente felizes.

RC: Como podemos exercer voluntariado no canil?

AP: Todas as pessoas que querem fazer voluntariado no nosso canil devem entrar em contacto com a direcção e combinar um dia para iniciar o voluntariado. É feita uma formação inicial com um dos responsáveis do canil e a partir daí poderá fazer voluntariado. Só aceitamos voluntários a partir dos 16 anos e os voluntários menores têm de ter uma autorização escrita dos pais.

RC: O que é que um voluntário faz?

AP: Um voluntário faz de tudo um pouco no canil, ajuda na limpeza do canil, pode ir passear cães, ajuda nas campanhas realizadas pelo canil e sobretudo dá muitos mimos aos nossos cães.

RC: Quantos voluntários o canil pode ter?

AP: O canil não tem limite de voluntários. O que infelizmente acontece muitas vezes é que as pessoas iniciam o voluntariado e pouco tempo depois desistem, o que é uma pena, porque precisamos sempre de ajuda no canil.

RC: Acha que os cães merecem ser abandonados? Porquê?

AP: Acho que a resposta é óbvia, claro que não. Basicamente ninguém merece ser abandonado. Infelizmente os animais são sempre o elo mais fraco e por isso são os primeiros a ser descartados, porque infelizmente ainda há pessoas que acham que os animais são uma coisa e que não têm sentimentos, mas quem convive com eles diariamente sabe que eles sofrem e muito quando são abandonados, mas têm uma coisa muito boa, conseguem perdoar as maldades que sofrem às mãos dos humanos.

RC: Como é que as pessoas podem contribuir?

AP: Poderão fazer donativos em dinheiro (ou através de transferência bancária), podem também doar ração, mantas, material de limpeza, medicamentos, etc. Ou então um pouco do seu tempo, tornando-se voluntários.

Manicómio dos rafeiros

RC: Qual foi a história de abandono que lhe marcou mais? Porquê?

AP: Ao longo destes 12 anos muitas histórias me marcaram, mas a primeira que me lembrei foi a do nosso Marlon Brando. O Marlon Brando é um Pit Bull que nos chegou num estado de extrema magreza, com feridas em todo o corpo, no entanto, a primeira coisa que fez quando me conheceu pela primeira vez foi encher-me de beijos! Quem conhece a raça sabe que eles são dos cães mais doces que há e que, infelizmente, nas mãos de pessoas maldosas tornam-se uma arma. Nem me passa pela cabeça o que ele terá passado, mas depois de tantos maus tratos ele só sabia ser um querido! Estava muito doente, mas felizmente recuperou e acabou por ser adoptado por um casal amoroso que o adora! São estes casos que nos dão força para continuar, quando há finais felizes nos casos mais improváveis disso acontecer.

RC: Sei que costumam fazer passeio solidários, o que são?

AP: Os nossos passeios são um dia diferente no canil, para os cães e para nós. A um Sábado de manhã levamos os nossos cães a fazer um passeio pela bela serra de Sintra. Todos os passeios têm sempre um cão beneficiário, as pessoas inscrevem-se e dão um donativo para ajudar na conta veterinária desse cão. A cada pessoa é entregue um cão e depois é passeio e alegria.

RC: Quando é que é o próximo passeio solidário?

AP: Infelizmente no inverno fazemos menos passeios, devido às condições climatéricas , mas com toda a certeza iremos fazer um em brevequando chegar a Primavera.

RC: Vai haver alguma atividade/novidade nos próximos tempos?

AP: Iremos estar presentes no Petfestival nos dias 30 de Janeiro a 1 de Fevereiro que se irá realizar na Fil.

Raquel Cosme

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