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Donald John Trump será o novo Presidente dos Estados Unidos, após derrotar Hillary Clinton no Colégio Eleitoral (embora perder no voto popular), com 306 votos eleitorais a seu favor contra os 232 da candidata do Partido Democrata. A vitória foi considerada um "choque" pela imprensa, após as sondagens apontarem para uma vitória relativamente simples para Clinton. Como é possível? Será devido à desconfiança do público sobre os políticos? Será das dificuldades económicas que milhões americanos sofrem? Não. É racismo e sexismo, claro. Os media, incrédulos, apontaram que a vitória de Trump foi a reflexão de uma América racista, sexista e xenófoba. Comentador da CNN Van Jones comentou ainda antes da vitória de Trump ser confirmada que estas eleições foram uma "chicotada branca".
Mas a verdade é que a eleição de Donald Trump é apenas um choque para os media e, para um grau menor, para os americanos a viverem em zonas urbanas, que não sentiram os efeitos económicos dos últimos 4 anos liderados por Obama. Um em sete americanos vive com cupões alimentares. A maioria da população rural não sentiu os efeitos económicos que Obama trouxe pois vivem à margem destes. E isto enquanto o mesmo acumulou mais dívida do que quase todos os Presidentes Americanos que o precederam... juntos. Tirando George W. Bush e Bill Clinton da lista, Barack Obama, sozinho, vence todos os Presidentes dos Estados Unidos, de George Washington a James Buchanan, de Abraham Lincoln a Jimmy Carter, de Frankling Roosevelt a Andrew Johnson... nem sequer todos os 41 Presidentes juntos batem Obama no que toca a acumulação de dívida. Será que até sair no dia 20 de Janeiro irá bater mesmo todos? É possível. Para além disso, a verdade é que o povo americano está farto do establishment vindo de Washington e de Wall Street. Desde a saída de Ronald Reagan e a entrada de George H. W. Bush que o povo americano escolheu sempre alguém que fazia parte do mesmo, e tirando Bill Clinton, cujas medidas beneficiaram o povo americano a curto-prazo, mas acabou por causar certos impactos negativos a longo prazo (como a NAFTA), todos os Presidentes causaram fortes impactos negativos sobre partes da população, com o pior a ser George W. Bush, que falhou em controlar a crise do subprime, que acabou por levar à Grande Recessão.
O maior factor não é, nem de perto nem de longe, motivos raciais, sexistas ou xenófobos. A esmagadora maioria de quem apoiou, e de quem não apoiou mas votou em Trump, não é racista, nem sexista, nem xenófobo. São pessoas fartas dos candidatos de costume, que prometem melhorias económicas que não são cumpridas. Acabaram por preferir um candidato populista e carismático, que recusou dinheiro de Wall Street e complicou a vida até ao Republicano mais poderoso, o Speaker of the House Paul Ryan. E verdade seja dita, Trump foi contra o establishment republicano, o establishment democrata, os media... e ganhou. Cada escândalo, cada ataque, cada artigo não o matava, muito pelo contrário, apenas dava força à sua campanha. E no fim, embora não tendo ganho no voto popular, uma campanha inteligente deu-lhe uma vitória esmagadora. Não ganhou na popularidade, mas esmagou Clinton nos Estados em toss-up, aqueles que interessavam, que então deram-lhe uma vitória expressiva no que interessava, que é o Colégio Eleitoral.
Os media acompanharam Donald Trump de uma forma pouco ou nada objectiva. Foram ataque após ataque, cada um deles a simbolizar cada vez mais de que o jornalismo americano não é mais jornalismo, mas sim uma forma de activismo político. Os jornalistas americanos são activistas antes de serem a própria profissão, e são ideólogos antes de serem activistas. E com isto, há apenas duas coisas a retirar: A primeira é de que o jornalismo americano como o conhecíamos morreu, e a segunda é que os media não só já não são capazes de influenciar o público americano, mas também de que estes vivem completamente desligados fora da realidade do público americano que supostamente deviam representar.
Alexandre Oliveira 21302402
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